Montalegre: Abertura do 27.º Congresso de Medicina Popular em Vilar de Perdizes

Vilar de PerdizesAté domingo, Vilar de Perdizes, freguesia do concelho de Montalegre, é local de romaria com mais uma edição do Congresso de Medicina Popular. Um evento que assinala este ano 30 anos de vida em volta de valores místicos e que continua a girar em torno da incontornável figura do padre Fontes.

Inaugurado pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre, o 27.º Congresso de Medicina Popular volta a convocar os amantes do oculto. Um evento que há 30 anos colocou o concelho no mapa, como fez questão de vincar Orlando Alves na sessão que abriu as portas ao congresso. Para o autarca, o certame «é essencialmente cultura mas também reflexão». Nessa linha, afirmou: «já tivemos aqui debates muito interessantes e esclarecedores entre a medicina dita popular e a medicina convencional». Uma troca de saberes que catapultou o cartaz para uma escala nacional. Em tempos, seduziu nomes como «a poetisa Natália Correia que é uma saudade; o padre Araújo da Afurada; o sociólogo Moisés do Espírito Santo; a saudosa Ana Pitinha, tudo gente ilustre, e milhares e milhares de pessoas anónimas que fizeram deste evento uma realidade invejável», recordou.

«HOMENAGEM AO POVO»

Orlando Alves defendeu que «estamos aqui a tentar sacar o que demais valoroso e virtuoso existe em tudo que sai da alma do povo». Com esta postura «prestamos homenagem ao povo», vincou. O também vereador da cultura do município de Montalegre sublinhou que a medicina popular «é criação» e também «ciência». Orlando Alves esclareceu que este tipo de práticas têm «muita hora de pensar e de reflexão». É uma medicina, reforçou, «que radica na alma e na essência do povo» como tal «faz todo o sentido continuarmos a viver a mística de Vilar de Perdizes».

«EXTRAVASOU FRONTEIRAS»

Para Orlando Alves «o congresso foi algo que, durante muitos anos, extravasou as fronteiras do concelho». «Foi algo que concitou a atenção de todos os órgãos de comunicação social, inclusive das televisões, que hoje andam um pouco divorciados de tudo isto», lamentou para de seguida rematar: «espero que o padre Fontes continue com força, por muitos e largos anos, e que continue a fazer do Congresso de Vilar de Perdizes uma referência não só do concelho como do próprio país».

OPINIÕES

Padre Fontes (Mentor do evento)

«espero que venha muita gente porque em todos os anos há novidades, com gente nova que está a colaborar na organização. Há oradores novos, animação com alguma espontaneidade da terra. Temos oradores da Suécia, da França, da Galiza e, naturalmente, de Portugal. Há vários curandeiros com as tendas expostas. São mais de 30. Esperemos que seja um grande cartaz».

Barroso da Fonte (Historiador)

«estive em todos os congressos. Fui sempre solidário e amigo do promotor António Fontes. Deu um contributo notável a esta terra. Foi este congresso que colocou Barroso no mapa. Como barrosão, tenho obrigação de estar aqui. É um evento que já ultrapassou fronteiras. Trata-se de um evento internacional de grande gabarito. Contudo, tem vindo a decrescer nos últimos tempos. Não sei porquê. Lembro-me de ver aqui grandes romarias. Não havia espaço para colocar um carro».

João Sanches (Antropólogo)

«em 1983 era estudante da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Nessa altura o meu avô fazia 80 anos. Eu trouxe-o aqui porque a mãe dele era de Vilar de Perdizes. Esse facto vinculou-me a esta organização do congresso. Nesse dia fiz uma conferência onde tinha 20 pessoas na casa do povo de Vilar de Perdizes. Entre essas pessoas, tinha o pai do Dr. Barroso da Fonte que me explicou que não se podia cortar o coxo se não se passasse o rio Tejo. Foi uma iniciativa que prosperou. Mantemos este congresso com as nossas tradições, com a nossa maneira de ser e de falar. Também com a nossa coragem e, sobretudo, com uma pessoa que começa a ser um mito: o padre Fontes».

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