Rui Machete diz que Portugal só evita um novo resgate se juros desceram para 4,5%

Rui MacheteO ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, afirmou hoje, na Índia, que um segundo resgate “é evitável” desde que as taxas de juro a 10 anos igualem ou fiquem abaixo dos 4,5%.

Questionado sobre um segundo resgate, o ministro não afastou esse cenário  que disse ser “muito mau” para a economia nacional, em declarações à Lusa  à margem de um encontro com a comunidade portuguesa em Nova Deli, a quem  transmitiu “uma palavra de esperança”.

“Os portugueses têm de perceber que se não nos libertarmos e se não  pudermos viver utilizando o que o mercado nos oferece, porque as taxas de  juro são demasiado altas, seremos forçados a ir para situações de segundo  resgate, que seria muito mau para a economia portuguesa”, sustentou.

Machete transmitiu a convicção de que “os portugueses e os partidos  políticos” vão encarar “firmemente a possibilidade de evitar essa situação,  que neste momento é evitável”.

A hipótese de um novo programa de apoio financeiro a Portugal dependerá,  sustentou, de as obrigações da dívida pública a 10 anos se situarem numa  taxa de 4,5% ou menos, valor que permite ao país “financiar as necessidades  do défice em termos que não comprometem o futuro”, referiu.

“Se  a taxa  estivesse acima  1/8dos 4,5% 3/8, não é possível. Não sendo possível,  teríamos de encontrar vias alternativas, que normalmente se designam como  um novo resgate”, acrescentou o ministro.

Mas, sublinhou, os indícios, “embora ainda não sendo completamente seguros”,  levam o Governo a “pensar que é possível” a ‘troika’ sair de Portugal em  junho de 2014, “se não houver acidentes de percurso”.

Machete exemplificou depois com os números “muito positivos” das exportações,  a redução do desemprego e o facto de taxas de juro já terem diminuído abaixo  dos 6%. Além disso, acrescentou, haverá mudanças políticas na Europa, como  o governo de coligação na Alemanha e “com a necessidade de acelerar as medidas  de revisão da governação económica da União Europeia”.

“Existem condições para afirmar que há uma larga possibilidade de, no  final de junho, quando terminar a vigência do memorando de entendimento,  nós podermos libertar-nos dos pesados condicionalismos que a ‘troika’ nos  impõe”, disse Rui Machete.

Estes condicionalismos, acrescentou, “têm sido traduzidos numa linguagem  que tecnicamente não é exata, mas é impressiva, como uma espécie de protetorado”,  afirmou, numa alusão à expressão utilizada por Paulo Portas, seu antecessor  no ministério dos Negócios Estrangeiros e atual vice-primeiro-ministro,  para se referir ao Portugal sob assistência financeira.

No entanto, o fim do memorando não significa que o país “fique liberto  de todo o condicionalismo”, lembrou, acrescentando que o próximo Governo  não terá “uma liberdade muito grande”.

Questionado sobre se um eventual chumbo do Tribunal Constitucional (TC)  a normas propostas pelo Governo no Orçamento do Estado para 2014 seria um  desses “acidentes de percurso”, Rui Machete comentou que tal poderia “constituir  um grave obstáculo”.

Para o ministro, ao fazê-lo, o TC não teria em consideração “que as  alternativas são claramente piores, nuns casos, ou não existem, noutros”.  O aumento dos impostos seria uma das alternativas, “o que seria grave”.

“Não digo que seja completamente impossível ultrapassar, mas isso aumenta  o sacrifício dos portugueses e resulta de uma interpretação que eu não subscrevo,  sem pôr em causa o Tribunal Constitucional, que tem toda a liberdade, própria  de um julgador, para ajuizar qual é a situação que considera mais consentânea  com a Constituição”, disse.

Machete destacou no entanto que “o legislador tem de ter uma discricionariedade  que tem se ser reconhecida para poder assumir toda a responsabilidade política  que lhe cabe e lhe pode ser exigida”.

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