Portugal pode estar na rota das armas sírias
A hipótese está em cima da mesa e já está a ser admitida pelo Governo.
Portugal, mais concretamente a ilha Terceira, no Açores, é um dos locais possíveis para o transbordo de armas químicas recolhidas na Síria.
Os Estados Unidos já pediram autorização a Portugal para a utilização de estruturas portuárias para o transbordo dessas armas, que têm de passar de um navio dinamarquês, o "Ark Futura", para um navio norte-americano.
A hipótese está em cima da mesa e já está a ser considerada pelo Governo, que é a entidade a que compete dar autorização.
O Presidente da República, Cavaco Silva, já foi também informado deste pedido e acompanha a situação.
Não há, no entanto, ainda qualquer decisão, sendo necessário ponderar vários factores de ordem técnica e ambiental.
As armas têm de ser transferidas de um navio dinamarquês para um navio norte-americano que tenha capacidade para as destruir em alto mar.
O desmantelamento do arsenal químico da Síria foi acordado no ano passado, depois de um ataque que provocou mais de 1.400 mortos. O plano prevê que as armas e instalações químicas do regime do presidente Bashar al-Assad sejam destruídas até Julho de 2014.
Governo "efectuou consultas políticas internas"
As autoridades norte-americanas contactaram Portugal para avaliar a possibilidade de realizar o transbordo de material químico proveniente da Síria num porto nos Açores, mas ainda não houve decisão, confirma fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
O MNE afirma, em comunicado, que Portugal foi um dos países contactados pelos Estados Unidos, que "procuraram apurar a disponibilidade, junto de vários parceiros, de estruturas portuárias para a operação de transbordo do material químico transportado a partir da Síria num navio dinamarquês para um navio norte-americano".
"O Governo português, em articulação com o Governo regional dos Açores, e sempre norteado pela defesa dos interesses do país, efectuou consultas políticas internas e desenvolveu contactos exploratórios na hipótese de ser necessária uma instalação portuária nos Açores, formulando, designadamente, perguntas sobre factores de ordem técnica, ambiental e de segurança, de modo a avaliar a existência de eventuais riscos desta operação", afirma o gabinete do ministro Rui Machete.
O presidente do Governo dos Açores disse esta terça-feira ter sido consultado sobre a eventual disponibilização do porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, para o transbordo de material químico proveniente da Síria.
"Confirmo que o Governo dos Açores foi consultado e tem acompanhado o processo de disponibilização por Portugal de instalações portuárias na Praia da Vitória no âmbito da resolução aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas relativa ao processo de destruição de material químico da Síria", afirmou Vasco Cordeiro, em declarações aos jornalistas, na Horta.
