“Liderança bicéfala só no Vaticano”, diz Sócrates
José Sócrates discorda da proposta de primárias para escolher candidato a primeiro-ministro e critica Cavaco Silva
José Sócrates afirmou no habitual comentário dominical na RTP, frontalmente contra a proposta de António José Seguro para a realização de eleições primárias no PS para a escolha do candidato a primeiro-ministro. Uma das consequências poderia passar por o partido ter um secretário-geral, que não seria candidato a liderar um governo. Sócrates disse discordar deste modelo de liderança bicéfala, utilizando uma metáfora: "Liderança bicéfala só no Vaticano, que tem dois Papas. Só que um está à frente da Igreja e o outro recolhido em oração. Não estou a ver o PS com um candidato a primeiro-ministro e o secretário-geral ficar na capela do Rato".
A relaização de eleições primárias no interior do PS também suscitam dúvidas ao ex-líder do PS até pela diferenciação que o partido poderá fazer entre "simpatizantes e militantes". Estes últimos só ao fim de alguns meses é que ganham capacidade eleitoral: "Os simpatizantes chegam e já podem votar?", questionou Sócrates, reafirmando o seu apoio a António Costa.
Por outro lado, Sócrates defendeu ainda que um processo desta natureza não pode ser discutido num contexto de agitação, mas sim com serenidade. Já que com um processso eleitoral em curso, os apoiantes de "Seguro e Costa lançar-se-iam, na sua opinião, num processo de "arrebanhar" simpatizantes para a respetiva faccão.
No comentário na RTP, José Sócrates não deixou ainda de criticar Cavaco Silva, responsabilizando-o diretamente pelo facto de os funcionários públicos terem perdido cinco meses de ordenado semelhante ao de 2010, dado que o Presidente da República não pediu a fiscalização preventiva, nem sucessiva, do Orçamebnto do Estado para 2014, cujas principais medidas foram chumbadas pelo Tribunal Constitucional. Em resumo, disse Sócrates, "este governo não fez um Orçamento constitucional". Daí que, na sua opinião, Cavaco Silva deveria "retirar ilações" deste facto e antecipar o mais rapidamente possível as eleições lehislativas previstas para 2015.
