Morais Sarmento: se PSD e CDS não forem juntos a eleições, a derrota é certa
A coligação é uma inevitabilidade. Nuno Morais Sarmento defende que PSD e CDS sairão derrotados das eleições legislativas se não avançarem em listas conjuntas.
"A separação seria a garantia da derrota. A opção poder-se-ia colocar se não existisse coligação. Percebo que teoricamente seria possível. Existindo coligação de Governo, apresentarem-se os dois a novas eleições, na prática, é garantirem a sua própria derrota", assegura o militante social-democrata.
Sarmento admite que a decisão será tomada mais tardar em Junho, "no limite, para próximo da data em que o PS começar também no tema das legislativas". O PS apresenta a 6 de Junho o programa eleitoral para as legislativas.
O tema deverá marcar a reunião do Conselho Nacional do PSD, esta terça-feira, em Lisboa.
Olhando para as mais recentes sondagens, o socialista Vera Jardim faz a mesma leitura: "Sem coligação terão uma derrota praticamente certa e pesada". O antigo ministro da Justiça diz que o significado real das sondagens só vai ser apurado mais em cima do acto eleitoral.
Proibir sondagens durante a campanha?
O socialista rejeita a sugestão do CDS para a proibição de sondagens durante a campanha eleitoral. "Não faz sentido nenhum. Sabe o que aconteceria? Faziam-se à mesma e vinham pela Net, sem controlo nenhum. Aqui sempre há algum controlo. A chamada ficha técnica tem que ser depositada numa entidade supostamente supervisora [a ERC]. Assim, faziam-se as sondagens e depois não eram publicadas nos jornais, rádio ou televisão. Vinham pela internet e pelo Facebook. Não havia uma, mas 20 ou 30 sondagens".
À direita, a desconfiança em relação aos estudos de opinião instalou-se e não apenas no CDS.
Para o social-democrata Nuno Morais Sarmento, "as sondagens em Portugal erram vezes de mais. Não há falha técnica que explique a incapacidade de ‘lerem’ Rui Rio nas sucessivas eleições no Porto ou a ausência de ‘leitura’ do CDS na Madeira. Parece-me que é coincidência a mais, olhando aos últimos 20 anos da democracia portuguesa. Cronicamente, os erros das sondagens, antes de eleições legislativas ou regionais, foram sobre o voto da direita".
O precedente de Jorge Sampaio
As condições de governabilidade dominam os cenários pós-eleitorais. Nuno Morais Sarmento lembra que a dissolução do Governo de Pedro Santana Lopes por Jorge Sampaio representou um "precedente" que pode virar-se contra os socialistas na hora de formar governo.
"O PS vem com esta conversa até Outubro, esquecendo-se da alegria e da forma clara com que então apoiou a decisão de um Presidente da República que, num quadro de maioria, a deitou ao chão. Aberto o precedente, não se queixem de que o mesmo possa ser utilizado contra eles", avisa Morais Sarmento.
Em teoria, acentua o militante do PSD, a formação de uma maioria com várias forças de esquerda é de saudar. "Não há nenhum drama na gestão da Câmara de Lisboa e ela envolve responsáveis políticos claramente à esquerda do Partido Socialista. Não há problema nenhum. Sou um social-democrata, não vejo problema aí”, diz.
"Não estou a dizer que gosto. Tem uma enorme vantagem para o sistema. Toda a contestação ao sistema está do Partido Comunista para a esquerda. Com isto, vamos reposicionar tudo. Isto pode ser francamente regenerador e positivo para o sistema político. Não é que me agrade ou que seja o que eu escolha. Sou PSD e, repito, se formos por aí vamos pagar o preço directo no país de modo imediato, nas famílias e nas empresas", remata Morais Sarmento.





