Cancelamentos da TAP afectam 3000 passageiros
O cancelamento de voos da TAP na sequência da erupção vulcânica na Islândia afectou hoje cerca de 3000 passageiros, que poderão alterar as suas reservas para datas posteriores sem qualquer penalização, assegurou a Transportadora Aérea.
De acordo com um comunicado da TAP, foram cancelados 17 voos da transportadora nacional ao longo do dia para Copenhaga, Estocolmo, Helsínquia e Oslo, na Escandinávia, e Londres, Amesterdão Bruxelas e Hamburgo.
“Devido à erupção vulcânica ocorrida ontem (14 Abril) na Islândia e consequente dispersão na atmosfera de cinzas vulcânicas no Norte da Europa, o tráfego aéreo foi hoje fortemente afectado, com o encerramento de vários aeroportos, o que provocou perturbações na operação da TAP”, salienta a empresa.
TAP diz que “tem estado em permanente contacto com os diversos aeroportos europeus, procurando recolher informações que lhe permitam retomar a sua operação tão cedo quanto possível”.
“No entanto, é já certo que parte dos aeroportos permanecerão encerrados pelos menos durante parte do dia de amanhã”, afirma a TAP no mesmo comunicado.
Segundo informação da ANA – Aeroportos de Portugal, foram hoje cancelados em Portugal 163 voos, a maioria em Faro, na sequência da erupção vulcânica na Islândia que provocou uma nuvem de cinza na Europa.
Faro foi o aeroporto mais penalizado com 104 voos cancelados, refere a ANA, em comunicado.
A maioria das ligações deste aeroporto são com o Reino unido, pelo que foi o mais atingido por esta perturbação atmosférica.
No Aeroporto de Lisboa foram cancelados 34 voos, entre 19 partidas e 15 chegadas, enquanto no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, foram 16 voos.
No Aeroporto da Madeira, oito voos foram cancelados, enquanto nos Açores apenas uma ligação ficou cancelada.
“A maioria dos destinos e origens destes voos são na Europa Central, Europa do Norte e sobretudo Reino Unido”, disse a ANA – Aeroportos de Portugal.
Na mesma nota, a empresa aconselha os passageiros com voos para hoje ou sexta feira a confirmarem o voo antes de se dirigirem ao aeroporto.
As nuvens de cinzas foram provocadas pela erupção, na quarta-feira de manhã, de um vulcão do glaciar Eyjafjallajokull, no sul da Islândia. Cerca de 800 pessoas foram retiradas das suas habitações no Sul do país, quando começou a segunda erupção do mesmo vulcão no espaço de um mês.
Por todo o mundo foram cancelados vários voos com destino ao Norte e centro da Europa devido a preocupações de segurança.
Avião da SATA obrigado a regressar a Ponta Delgada
Um avião da transportadora aérea açoriana SATA que fazia a ligação entre Ponta Delgada e Copenhaga, na Dinamarca, foi hoje obrigado a regressar aos Açores devido aos problemas causados pela erupção do vulcão a Islândia.
“O avião não conseguiu chegar a Copenhaga e foi obrigado a regressar a Ponta Delgada”, afirmou o porta-voz da SATA, José Gamboa, em declarações à Lusa.
Caso as condições melhorem, a SATA pretende realizar este voo sexta feira, tendo a partida de Ponta Delgada sido marcada para as 07:30 (08:30 em Lisboa).
No voo de hoje entre Ponta Delgada e Copenhaga seguiam 99 passageiros, enquanto na capital dinamarquesa estão 111 pessoas que pretendem viajar para Ponta Delgada.
Dezenas de passageiros concentrados à espera de informações
Dezenas de passageiros concentraram hoje junto a um balcão de atendimento no aeroporto Francisco Sá Carneiro, Porto, à espera de informações sobre quando poderão embarcar depois dos seus voos terem sido cancelados devido ao encerramento do espaço aéreo europeu.
No aeroporto do Porto, cerca de 60 passageiros das companhias aéreas Ryanair e Easyjet aguardavam informações junto ao balcão da Portway, empresa que faz assistência a estas low cost, formando longas duas filas.
Em contrapartida, junto ao balcão de atendimento da TAP, que também se viu hoje obrigada a cancelar voos de e para o Londres, não estava nenhum passageiro.
Maria Tavares, de 28 anos, viu a sua ligação Porto-Liverpool da companhia Ryanair ser cancelada e esperava por “uma solução” para a sua viagem, mas, pelas indicações recebidas, “só domingo ou quinta feira da próxima semana” poderá embarcar de novo.
Para esta passageira portuguesa que trabalha em Manchester, o cancelamento do voo causa “em termos profissionais algum transtorno”, uma vez que a impossibilita de “participar em eventos programados e encontros de supervisão”.
“Acredito na compreensão do meu chefe”, desabafou à Lusa, acrescentando que incidentes como este não podem ser evitados e são imprevisíveis, apesar de nunca lhe ter ocorrido que hoje não conseguisse chegar a Inglaterra.
Mais incomodado com a situação estava um jovem canadiano de 20 anos que decidiu, no período de férias escolares, deslocar-se de Glasgow ao Porto e agora não sabe quando regressa aquela cidade.
Cris Coutts referiu precisar de estar Londres até às 14:00 de quinta feira, mas está consciente que “provavelmente isso não vai acontecer”, tendo já decidido pernoitar no aeroporto e “esperar até ver quando regressa a casa”.
“Vulcões acontecem, não posso ficar chateado por isso, nem com ninguém em específico, mas não estou particularmente satisfeito com a situação”, sustentou o estudante.
Maria Cunha seguia esta manhã, às 06:30, pela primeira vez na vida para Londres, mas já decidiu, juntamente com o seu grupo de amigas, que apenas fará a viagem a 13 de maio.
Permaneceu mais de sete horas no aeroporto até ter a confirmação da companhia aérea Ryanair de que a viagem podia ser agendada para outro dia sem custos adicionais.
“Estamos a anular aqui para ir depois à agência com o documento para seguirmos a 13 de maio”, disse, salientando que apenas “sofreu” uma desilusão porque estava esperançada em conhecer já hoje a capital britânica.
Dário Ribeiro seguia para Bristol e estava sobretudo preocupado com as reservas que tinha feito junto de um hotel e de uma empresa de aluguer de automóveis, porque teme “não ser reembolsado”.
“Faz diferença não seguir viagem, porque gastei 700 euros em hotel e aluguer de carro e a Ryanair já me disse que não me pode reembolsar essa quantia”, referiu.




