Aeroportos europeus ainda a meio-gás

Foram seis duros dias: 95 mil voos cancelados; sete milhões de pessoas lesadas; 180 milhões de euros diários de prejuízo. Agora, os aeroportos europeus retomam, gradualmente, a actividade. Nuvem revela as fragilidades da Europa na gestão da crise.

O caso da nuvem de cinzas vulcânicas acabou por deixar transparecer as debilidades europeias no controlo e coordenação de medidas em situação de crise no espaço aéreo. Ontem, a edição online do jornal “El Mundo” foi incisiva: “A Europa demonstrou, mais uma vez, que é incapaz de gerir, unida e de forma coordenada, os seus problemas internos”.

Foram necessários cinco dias para que os ministros europeus dos Transportes reunissem, anteontem, em videoconferência, para consertar uma estratégia de resposta à crise, numa fase em que os prejuízos humanos e financeiros eram avultadíssimos. Os comboios já haviam esgotado a sua capacidade, os automóveis de aluguer não foram suficientes para as encomendas, as estradas ficaram intransitáveis, os navios não chegavam para todos.

A polémica estava já plantada entre a Eurocontrol – Agência Europeia para a Segurança da Navegação Aérea e a IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo. Enquanto que a Eurocontrol optou, imediatamente, pelo fecho do espaço aéreo, explicando que as cinzas vulcânicas poderiam parar os motores dos aviões, a IATA veio, depois, demonstrar que a medida terá sofrido de excesso de zelo.

Isto, porque testes efectuados pelas principais companhias aéreas a operar na Europa concluíram precisamente o contrário: ao sujeitar os aparelhos a cinzas vulcânicas, não foi verificado qualquer prejuízo para os motores.

Analistas internacionais concluíram, entretanto, que houve uma descoordenação europeia, ao invés de verificar-se uma cooperação dos países. Mas, por esta altura, já o mapa aéreo europeu se havia dividido em três, abrindo e fechando aeroportos ao sabor do deslocamento da nuvem. Ontem, pela manhã, passou pela ilha de Santa Maria, nos Açores, mas a sua trajectória poderá ser condicionante durante semanas, ou mesmo meses.

Aliás, o Centro de Controlo do Tráfego Aéreo Britânico alertou para um agravamento da actividade vulcânica na Islândia, o que torna todas as previsões variáveis. A ameaça de uma nova nuvem – mais pequena, resultante de nova erupção – manteve o espaço aéreo do Sul do Reino Unido encerrado, por exemplo. Contudo, foi já possível à Eurocontrol diminuir as restrições. Houve mais aviões no ar, mas apenas metade da totalidade do tráfego habitual. A Organização Meteorológica Mundial informou que a nuvem está a mover-se para o Árctico e que serão precisos vários dias para retomar a normalidade. O vulcanólogo francês Patrick Allard insiste, em declarações à France Presse: “A actividade vulcânica, que pode durar meses, atravessa fases mais calmas e mais explosivas”. Resta aos europeus vigiar os céus para poderem voar.

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